A indústria de fundos surfando nos ganhos fáceis (riding the gravy train)
Baillie Gifford atacou com força o mercado de gestão de ativos, este que valoriza muito mais acumular ativos dos clientes do que realmente criar valor para eles. É um mercado superlotado onde “há muita gente cobrando demais”.
Em um artigo intitulado Riding the Gravy Train, o sócio Tom Coutts critica seus colegas da indústria por cobrar demais pelos produtos. Muitos fundos comparam o desempenho de seus fundos em horizontes de tempo muito curtos e colocando seus próprios interesses acima dos resultados do cliente.
Os interesses dos fundos e seus clientes estão desalinhados devido à maneira como as taxas são calculadas, sempre em relação ao montante total investido.
Promessas de gestão ativa que deixam de ser cumpridas
As empresas inicialmente atraem clientes com promessas de diferenciação e gestão ativa de verdade. No entanto, uma vez conquistados os ativos de seus clientes, os gestores tem um incentivo para manter os ativos pelo maior tempo possível.
“A maneira mais simples de fazer isso é evitar riscos, mantendo-se próximo ao índice. Embora isso possa minimizar a probabilidade de retornos relativos ruins, é claro, também minimiza a probabilidade de retornos bons, condenando muitos clientes à mediocridade nos resultados de seus investimentos ”, disse Coutts.
Surfando o trem dos ganhos fáceis
A atual estrutura de taxas do setor incentiva o acúmulo de ativos (volume sob gestão) e criou uma dinâmica perversa de risco-retorno que “deixa a recompensa do gerente garantida … e o cliente corre o risco de um resultado incerto” (como o risco da bolha.com por exemplo), disse ele.
Mas esse comportamento é insustentável, escreve Coutts. O setor atingiu um ponto de pico ou colocado em outros termos, a taxa máxima na qual pode extrair valor dos ativos dos clientes.
Com os ativos sugados, a indústria deve ver os lucros caírem, um desenvolvimento que Coutts vê como “inequivocamente bom”. “A eutanásia de alguns desses locatários particulares já está atrasada”, disse ele.
Alternativa às taxas
A indústria de gerenciamento de investimentos do futuro “deve ser menor” e “deve suportar mais de seus próprios custos”, disse ele.
“Atualmente, existem muitas colheres na tigela, muitos gerentes extraem renda dos ativos pertencentes a poupadores de longo prazo. Como em qualquer outro setor, as empresas que me oferecem produtos demais ou que não agregam valor aos clientes devem fechar o negócio. ”
Sobre as taxas, Coutts propõe que os fundos cobrem uma pequena taxa para manter as luzes acesas e que vinculem a maior parte de suas cobranças ao desempenho de seus fundos.
Em vez dos infames 2.2% de taxas de gestão (sobretudo hedge funds), acabaríamos com algo mais próximo do 0.2%, alcançando um equilíbrio muito melhor entre os interesses do cliente e do gerente”, disse ele.
Preço versus valor
A indústria também precisa fazer um trabalho melhor ao estabelecer uma distinção clara entre preço e valor, disse Coutts.
Comparando o setor de investimentos com o setor de compras dos EUA nos anos 1960, antes de o Walmart entrar em cena, ele disse que “havia muitas pessoas cobrando demais”. Não é de se admirar que o foco de nossos clientes tenha mudado amplamente para o preço.
Coutts acredita que uma “proporção decente” de ativos deve ser alocada para gerentes passivos (como ETFs), o “Walmart do setor de investimentos”, para acomodar o grande grupo de investidores que desejam produtos simples a um preço baixo. Para a outra parte do mercado que está disposta a gastar um pouco mais por um produto melhor, “esse produto precisa ser genuinamente melhor para que esses clientes realmente obtenham valor ao dinheiro”.
Da mesma forma, os fundos passivos “devem realmente ser de baixo custo”, disse ele. “Existem fundos de índice no Reino Unido com taxas de gestão anuais de 1%.”
Esse artigo é um resumo traduzido do post Baillie Gifford slams peak industry gravy train. Acesse aqui o link para ver o original e apoie o criador de conteúdo.
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